Em tempos de rápidas transformações sociais e económicas, a inovação no setor mutualista torna-se essencial para responder eficazmente às necessidades contemporâneas. Foi com esta premissa que a União das Mutualidades Portuguesas (UMP) promoveu, no dia 22 de junho, a conferência “Inovação nas Mutualidades”. Realizada na nova sede d’A Beneficência Familiar – Associação de Socorros Mútuos, no Porto, a conferência reuniu especialistas que sublinharam a importância de renovar e adaptar as práticas mutualistas.
Carlos Jorge Silva, Presidente d’A Beneficência Familiar – Associação de Socorros Mútuos, abriu a sessão dirigindo-se a uma sala repleta de representantes de associações mutualistas nacionais e internacionais, sublinhando a importância deste encontro para o fortalecimento das redes de cooperação e inovação no setor. Seguiram-se as palavras de Luís Alberto Silva, Presidente do Conselho de Administração da UMP, Andrés Román, Vice-Presidente da União Mundial das Mutualidade e Presidente da Odema (Argentina), e Moulay Brahim el Atmani, recentemente empossado Presidente da União Mundial das Mutualidades e também da União Africana das Mutualidades. Fernando Paulo, vereador da Educação e Coesão Social da Câmara Municipal do Porto, encerrou a abertura evidenciando a colaboração entre municípios e mutualidades na promoção da inovação social.
A conferência contou com um painel de oradores moderado por Carlos Jorge Silva que debateu as diversas facetas da inovação social no contexto mutualista, incluindo Filipe Almeida, Presidente da Estrutura de Missão Portugal Inovação Social; Pedro Vaz de Carvalho, Chefe do Setor de Inovação Social do Instituto da Segurança Social; Hugo Tavares, Chefe de Divisão de Desenvolvimento e Inovação Social da Câmara do Porto; e Vânia Pinheiro, Diretora Técnica da Associação Mutualista Nossa Senhora da Esperança – ANSE Sandim.
Filipe Almeida reafirmou a relevância contínua do mutualismo no cenário da inovação social: “Faz todo o sentido falar de inovação quando estamos no contexto do movimento mutualista, até porque a experiência de inovação social mais antiga do país remonta a 1176, com a Confraria de Fungalvaz, que foi uma experiência inspirada nos ideais mutualistas. Todos estes anos depois ainda é o movimento mutualista que aqui está e que continua a dar respostas às necessidades da comunidade. Os tempos mudaram e colocam novas exigências, portanto faz todo o sentido falar de inovação no contexto do movimento mutualista e da economia social, pois é a partir destas estruturas da sociedade civil que vamos conseguir encontrar soluções para os desafios cada vez mais complexos que enfrentamos como comunidade.”
Hugo Tavares destacou o papel crucial dos municípios na promoção da inovação social: “O movimento mutualista tem uma expressão grandiosa na cidade do Porto, que poderá ser uma fonte agregadora daquilo que é a vertente que o município quer dinamizar. De uma forma colaborativa e participada, qualquer cidadão, seja ele sócio de uma mutualidade ou as próprias mutualidades enquanto instituições, devem promover e poder juntar-se ao nosso laboratório de inovação social, que é um espaço de participação cívica, e onde podem ser apresentadas propostas para fazer a transformação social com base nos problemas sociais diagnosticados pela própria rede social que o município coordena.”
Vânia Pinheiro realçou a necessidade constante de adaptação dentro das mutualidades: “Aquilo que motiva a mudança são as dificuldades que sentimos no trabalho, no terreno. Nesse sentido, julgo que é propício a que haja mudanças dentro das mutualidades.”
Fernando Paulo, vereador da Educação e Coesão Social da Câmara Municipal do Porto, refletiu sobre os desafios emergentes e a importância da inovação: “Precisamos de novas respostas para velhos problemas. Há também novos problemas a surgir, com novos desafios que se colocam no envelhecimento ativo e na saúde e bem-estar, e é necessário que a inovação social esteja presente, no sentido de acrescentar valor.”
Pedro Vaz de Carvalho destacou a missão inovadora das mutualidades e a cooperação com o Instituto da Segurança Social: “As mutualidades são, na sua raiz, inovadoras, e a sua missão coletiva e a cooperação social faz esta ponte com o trabalho que se está a tentar desenvolver e promover através da cooperação e das respostas sociais do Instituto da Segurança Social, nomeadamente na criação do Setor de Inovação Social, [que procura] responder às verdadeiras necessidades atuais da sociedade e principalmente das pessoas mais vulneráveis.”
Em declarações à UMP, Carlos Jorge Silva destacou a importância do evento para o movimento mutualista, assim como a sua satisfação em acolher a conferência na nova sede da associação: “Acolher aqui iniciativas com esta dimensão, porque não é de facto coisa pouca ter cá representantes do mutualismo a nível mundial, é realmente marcante. A conferência também parece absolutamente decisiva para o futuro das nossas instituições, não apenas pela temática em si, mas pelo painel de oradores com que pudemos contar. Tudo isto transformou este evento em algo extremamente rico e marcante para aquilo que pode e deve ser a estratégia das associações.”
O evento foi encerrado com a leitura das conclusões por José Almeida, Vice-Presidente da UMP, que reafirmou o compromisso das mutualidades em continuar a inovar e a responder eficazmente aos desafios sociais